O basquete em cadeira de rodas tirou Dwan Gomes de casa, em Água Branca, um bairro pobre de Goiânia, para apresentar-lhe o mundo. Em 2012, com 18 anos, começou a praticar o esporte e, em poucos meses, já estava na seleção brasileira. Competindo, o ala conheceu México, Espanha, Canadá e Argentina.
— Meus amigos brincam que saí da favela para o mundo. O começo foi assustador. Em pouco tempo fui convocado para a seleção e viajei para o México — conta o caçula da equipe brasileira, que estreia nesta quinta-feira nos Jogos Paralímpicos, às 15h15, contra os EUA, atuais medalhistas de bronze.
Em busca da primeira medalha paralímpica do esporte para o Brasil, Dwan acredita que encarar os americanos será uma espécie de revanche:
— Perdemos por apenas quatro pontos no Parapan de Toronto, em 2015. Vai ser um jogo interessante.
Dwan nasceu com a espinha bífida (dividida em duas partes) e escoliose lombar, o que deixou suas pernas atrofiadas. Por isso, usa cadeira de rodas desde a infância. Foi um desconhecido que, ao vê-lo na rua, convidou-o a experimentar o basquete adaptado:
— Faltava divulgação, não sabia que existia. Até conhecia o basquete olímpico, mas não sabia que poderia jogar.
Na infância, futebol tinha ‘chute’ com as mãos
Antes de a bola laranja entrar em sua vida, Dwan Gomes se divertia jogando futebol nas ruas de Água Branca. Com os amigos, criou o “golzinho fechado”, uma modalidade com regras próprias: seus “chutes” podiam ser dados com as mãos.
— Nunca sofri preconceito. Tive uma infância normal, participando das atividades. Meus amigos gostavam muito da minha companhia — lembra Dwan: — Minha visão de jogo me ajudou na adaptação ao esporte profissional. Tinha a experiência do futebol na rua e a transferi para o basquete.
Torcedor do Santos e fã de Neymar, Ronaldinho Gaúcho, Diego e Robinho, o jogador defende a Associação dos Deficientes Físicos do Estado de Goiás (ADFEGO). Além de proporcionar viagens pelo mundo, o basquete mudou bastante sua rotina.
— O esporte me proporcionou uma vida saudável, me deu casa e carro. Ainda precisamos de mais patrocinadores e apoio, mas hoje consigo viver do basquete — conta Dwan.
Matéria original: http://extra.globo.com/esporte/rio-2016/de-bairro-pobre-de-goiania-dwan-gomes-conheceu-varios-paises-como-ala-da-selecao-de-basquete-adaptado-20070275.html