Confira a Reportagem da Superintendente CLARA no jornal Diário da Manhã em 31 de agosto de 2014:

Reportagem Clara - DM 31 de Agosto de 2014

Tetraplégica que se tornou exemplo

 Em 1995, aos 29 anos de idade, Maria de Fátima Carvalho, 48 anos, mãe de duas meninas com idade de dois e cinco anos, em plena ascensão profissional, sofre um acidente de carro que a deixou tetraplégica. “Quando você sofre um acidente e você não meche nada, você pensa, acabou, estou confinada a morte, vou perder meu marido, vou perder tudo”, descreve.

Maria conta ter sido esse um processo difícil, “Na época eu estava com 29 anos, já tinha minhas filhas, tinha uma realidade completamente natural de uma pessoa que não conhecia nada sobre deficiência. Andava no salto alto para cima e para baixo e não via o mundo como ele é, sabe, era muito fantasioso era muito luxo, era muita ostentação e de repente, você descobre que vale a pena ajudar as pessoas, vale a pena viver com dificuldades, vale a pena amar o próximo”, revela.

Como parte do processo de reabilitação, Maria conheceu a associação Adfego onde iniciou a tratamentos fisioterapêuticos. “Lá também me incentivaram ao esporte, mas preferi ir para a área de trabalho, trabalhei na associação, depois fui presidente por mais de doze anos, na Adfego”, lembra.

Hoje, Maria de Fátima é superintendente de Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência, ligada à Secretaria de Cidadania e Trabalho (SECT), do Estado de Goiás. “Estou como superintendente há um ano e tem sido muito bom uma pessoa com deficiência estar nesse cargo. Temos feito uma diferença muito grande, porque a gente conhece, vive esse dia a dia, então a gente sabe onde colocar as pessoas, onde é que pode está melhorando, qualificando essas pessoas não só para o esporte, mas também para o mercado de trabalho”, analisa.

A superintendente observa ainda que muitas vezes a pessoa com deficiência não dá mais conta de atuar no mercado de trabalho. “Então o esporte é a saída que renova e dar gosto para a vida, levando essa pessoa a deixar as drogas, a depressão. Porque muitas vezes quando a pessoa sofre um acidente causa uma depressão até ela se reabilitar o esporte é fundamental nesse processo de integração da sociedade”, considera.

Determinação

Para o professor de Educação Física, Luiz Henrique Pereira da Silva, 23 anos, formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), o que mais o surpreende, enquanto professor de paratletas é a determinação dos alunos. “A determinação, o desejo, a vontade, essa determinação deles faz com que a gente fique cativado a sair de casa todos os dias para vir treinar, fazer um trabalho diferenciado”, defende.

Luiz Henrique alerta para o cuidado que a família deve ter o sentindo de não proteger demais o deficiente físico, o que pode atrapalhar o novo processo de readaptação de uma nova realidade. “O protecionismo da família acaba inibindo a pessoa de ter um vínculo social e isso acaba fazendo com que ele entre em um processo de depressão. Quando ele vem para um meio que tem vários deficientes físicos iguais a ele e ele percebe que existem muitas pessoas como ele que não tem vergonha e estão super felizes isso faz toda a diferença”, acrescenta.

O professor ainda observa que as pessoas têm a tendência de ver o deficiente como um ser totalmente diferente de se lidar, quando, na verdade, avalia não ser. “Eles tem apenas uma limitação a mais que você. Ver uma pessoa que acabou de se tornar um deficiente físico, às vezes por trauma, acidente de trânsito, e você consegue fazer essa pessoa se desenvolver chegar em alguma lugar é muito gratificante”, conclui.

Associação

A Adfego possui hoje em torno de 15.000 mil associados. A natação foi o primeiro esporte implantado na instituição, depois veio o basquete em cadeira de rodas e, atualmente, entre os associados há esportistas de diversas áreas. E frequentemente a associação participa de campeonatos de paraolimpíadas e mundiais.

Em todas as modalidades (atletismo, natação, tênis-de-mesa, vôlei sentado, basquete em cadeira de rodas, halterofilismo, futebol de amputados, ciclismo, montain bike e dança em cadeira de rodas) os atletas apresentam excelentes resultados, destacando o basquete de cadeira de rodas e futebol de amputados.

Gaspar Lopes e Alexandre Caetano, juntamente com toda a equipe de basquete de cadeira de rodas estão se preparando para o campeonato que está previsto para novembro ou outubro. “Toda a equipe está treinando para, estamos montando um time forte para chegarmos, novembro ou outubro, na competição e jogar de igual para igual, porque tem que ter garra, para jogar o vôlei sentado”, afirma Gaspar.

Fonte: Jornal Diário da Manhã de 31/08/2014